domingo, julho 06, 2008

Assim que chegar...

Dá um toque? Assim que chegar, dá um toque?
Só um toque pra dizer que chegou, pra dizer que vai chegar, pra dizer que vai ficar. Pra dizer que foi rapidinho, que pensou em mim no caminho. Liga depois da visitinha na casa da sua tia, da ida ao dentista. Liga só pra dar notícia, pra me contar do amanhã, pra me fazer ninar, pra me desacreditar do destino. Só um toque, tá? Quando vc chegar.

Só pra isso. Dá um toque, por favor. Assim que você chegar, ok?
Mas dá um toque de verdade, pra valer. Aquele que me fascina, um toque por toda a eternidade, que me ocupa tempo e espaço. Que me ocupa. Eu. Pra mim.

Dá um toque, vai, assim que você chegar.
Pode ser um toquinho rápido. Pode ser às seis da manhã, hora de amanhecer. Hora de um tempo virar outro. Hora da luz se acender. Hora de sempre mudar.

Dá um toque, assim que chegar, please.
Pra me contar mentiras, pra dizer que sentiu minha falta, que me deseja. Pra dizer que pensou em mim ou que nunca pensaria em nós.

Um toque, beleza?
Preu ouvir tua voz. Deixa eu escutar meu som virtual, deixa eu escutar teu som real, tua voz, tua rspiração. Só a respiração. Só ela já me satisfaz. Dá um toque pra mim. Dá um toque pra nós. Dá um toque pro nosso amanhã. Deixa uma razão pra gente se ver. Deixa uma razão pra gente dizer, enrolado em toalhas, na soleira da porta, cheios de ternura olhando para o jardim, que nós crescemos e nos amamos.

Dá um toque quando você chegar
Pra dizer que me ama, que não me ama mais.
Pra dizer. Só pra dizer.

3 comentários:

Hudson Pereira disse...

Ah, o telefone.

Há muito tempo escrevi um poema sobre isso, sobre ficar escravizado diante de um aparelho tão egoísta.

Eu não tenho um fio de consideração por mim mesmo,então.

A gente odeia, odeia e odeia. mas quando ele toca...tudo muda não é.

Só não vale ir tomar banho na hora que a pessoa ligar.

hehehe

Vanessa Martins disse...

O amor é mesmo como a fome. Só que uma fome intensa, de meses, anos, da vida inteira. E esta fome alimenta-se de tudo; apropria-se de tudo. Incrível algo tão banalizadamente moderno como o telefone, servir de oxigênio, servir de alívio, servir de ponte para chegar a pessoa amada.
Liga sim. Ligue sempre e muitas vezes ao dia só para oferecer o comforto da voz.

Litz disse...

Isso me lembra tanto o Felipe!
Taaaaanto. Como podem os 4 minutos da minha casa até a dele, meu coração ficar tão preocupado? Essa ligação assim que chegar é como bem disse a Vanessa... o conforto.
No fundo não é o medo da cidade perigosa, é a certeza de ouvir aquela voz!