sábado, maio 03, 2008

Breve consideração sobre o amor

Sim. O amor acaba. E pode acabar em qualquer lugar: numa cama bem quentinha, num barzinho na esquina, no silêncio do teatro, na beira da praia, na UTI de um hospital. Acaba num parque cheio de lama, diferente do campo aberto e ar puro onde o sentimento começou a pulsar.
O homem termina o relacionamento e vai comprar um cigarro, vai andar sem rumo e esperar o próximo rabo de saia. A mulher vai chorar por 3 dias seguidos, tomar um pote de sorvete de creme e chorar novamente, já não mais pelo término do relacionamento, mas pela possibilidade de uns quilinhos a mais...

O mais importante, entretanto, não é a conseqüência do térmnino do amor, mas o modo pelo qual ele temrinou.

O homem é frouxo. Só usa vírgulas, jamais um ponto final. No máximo, sendo bem otimista, ponto-e-vírgula. Ou então, o homem cria situações para que a mulher diga:
"Basta! Chega! Assim não dá."
"Poxa, que pena. Tá bom."

A mulher é expressiva. Passa por todas as figuras de linguagem - da hipérbole à metonímia. Só uma fica de fora: a metáfora. Ah...metáforas!! Mulher se entrega, diz na lata, no sentido mais denotativo possível. e as expressões vão mais além: é vaso quebrado, garrafa de whisky jogada na parede, tentativa de agressão física, puxa o próprio cabelo. Nessas horas se descobre o quão paciente consegue ser o homem e o quão chorona consegue ser a mulher.

Amor de verdade não termina de forma civilizada. Tem que ter discussão, tem que haver luto. Não vale sair por aí assobiando, cantando uma musiquinha qualquer e chutando as pedrinhas e as chapinhas de cerveja que aparecem pela frente. Tem que cantar: "Acabou o amor! Isso aqui vai virar um inferno" Término de relacionamento sem baixaria é comprovação da inexistência do amor.

O amor exige uma viuvez
e condena o ex-casal ao exílio. Até que apareça alguma plebéia ou algum mancebo que faça a paixão bortar novamente...e até o dia em que os desentendimentos virão e a tranquilidade masculina e o aguaréu feminino se fizerem presentes novamente...e assim sucessivamente...

3 comentários:

Hudson Pereira disse...

Tais considerações não podem ser julgadas BREVES, São longas,intensas e injetadas de uma sabdoria emocional competente.
Mas o amor,esse não se pode prescrever. O sofrimento,no espia nos momentos de "alegria" e nos assalta no melhor da festa.

Anônimo disse...

Caramba, adorei o texto.. sem palavras..

Unknown disse...

Consideração 1 - O sorvete é de chocolate. No máximo napolitano. creme aumenta a depressão e não vale os quilos extras.

Consideração 2 - "Amor de verdade não termina de forma civilizada. Tem que ter discussão, tem que haver luto. Não vale sair por aí assobiando, cantando uma musiquinha qualquer e chutando as pedrinhas e as chapinhas de cerveja que aparecem pela frente. Tem que cantar: "Acabou o amor! Isso aqui vai virar um inferno" Término de relacionamento sem baixaria é comprovação da inexistência do amor.".

É exatamente isso. Já ouvi casais dizendo que terminaram e continuaram "melhores amigos", que foi sem briga e blá blá blá... das 2 uma: ou nunca foi amor, ou nunca deixou de ser amor e se transformou na única maneira possível de continuar perto, mesmo que de forma envergonhada...

Dilsinho, Meu Querido, tu arrasas!!!