O sol apenas queimava e ao invés de fazer brotar gotas de suor nos homens expostos, secava com rapidez toda e qualquer manifestação líquida do corpo humano. Não havia poças no chão, o sangue engrossava e o suor grudava, incrivelmente sólido, nas camisetas rasgadas e ferventes. Os olhos ardiam e mesmo assim nenhuma lágrima ousava cair. A paisagem estagnada sendo movimentada apenas pela ilusão do vapor que emanava do asfalto. A temperatura ambiente era fruto do psicológico humano e da malícia do imponente e impiedoso sol. Gargantas secas por toda eterniade numa retida cumplicidade entre o silêncio e o sofrimento. Com a forte luminosidade, as folhas caídas queimavam e as ruas eram verdadeiras Vias Dolorosas. Janeiro não tinha razão de existir, no entanto, aquele 12 de Janeiro parecia inadequado à morte.
sexta-feira, julho 04, 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
5 comentários:
Um dia bastante adequado ao sofrimento.
Dizem que o inferno é aqui,seu texto mostra que sim.
Pôxa, muito bom esse texto.
Não há o que dizer além disso. Coeso, poético, síntético...
Ah, perdoe-me o descuido, eu sou o Matheus (dãã!) o Hudson me indicou o seu blog e, realmente, ele não estava mentindo quando falou que era bom, agora vou sempre passar por aqui.
Abraço,
Matheus
Lindo!!
Primeiro de tudo, pintura impressionista? Pelo menos é o que parece, amoooo! hehe.
E quanto ao texto, SUPIMPA! ahahah, que palavra mais bizarra para se referir a um texto tão bom, né? Então deixe-me mudar... que texto espetácular! Adoro esse gostinho de sofrimento, não que eu seja má, sabe? Rs, mas acho que dá um toque todo especial.
Beijos
Sem paixão todo e qualquer dia é adequado pra morte. Não que a paixxão, repentinamente, iniba qualquer processo de falência ou destruição, mas sem ela não é possível saber se valeu ou não a pena ter chegado até aqui.
Como vc mesmo disse em um outro texto anterior: Falta [litros e litros] de serotonina nesta pós-utopia.
PS: Nem sei mais o que dizer de seus textos. Acabo me tornando repetitiva ao dizer que adorei!
;^)
Postar um comentário