sábado, maio 03, 2008

Compartilhar é viver

Entra no ônibus e espera alguém puxar papo com você. De histórias de genros ingratos à plano de carreira você vai ouvir.Vai ao banco pagar conta, diga-se de passagem que ninguém atinge a felicidade plena em tal situação, mesmo assim, alguém sempre encontra oportunidade pra tecer comentários sobre a hipocrisia da sociedade capitalista.

E a vida vai seguindo assim. Em qualquer lugar que esteja, por menos rugas que se verificarem em sua testa e por mais amigável que seu rosto possa parecer, sempre haverá alguma alma solitária em busca incessante por atenção, por carinho, por desabafo, por preenceher um vazio desconfortante.

O ser humano é uma coisa incrível mesmo. E sedento por dividir. Dividir a alegria, o ódio infundado pela política, as inadequações no português, o sentimento de abandono e de solidão.
Salvo algumas raras exceções onde o papo é iniciado num lobby da biblioteca pública ou em algum lugar onde se espera que alguém como você apareça e possa compartilhar o que você também quer compartilhar.

Pessoas que não sejam como as da fila do caixa das Lojas Americanas ou as sentadas nos banquinhos pseudo-acolchoados dos bancões do centro da cidade, com um monte de papel na mão, pra pagar, claro. Pessoas que não se metam onde não foram chamadas, pessoas que não queiram compartilhar as desgraças de suas vidas vividas, bandidas, sofridas e fu**** apenas por compartilhar, pessoas que não queiram invadir a privacidade, que não subtraiam a solidão alheia com comentários previsíveis e sem conteúdo funcional.

A última coisa que vc espera é ser depósito de futilidades, de amenindades, de divagações sobre o clima. Não preciso que alguém me diga que o dia está quente porque consigo perceber isso sem precisar de segundo grau. O que você não quer é que te vejam como psicólogo ambulante, mas claro sem te dar o crédito pela possível ajuda, e, obviamente, sem os devidos honorários (psicólogo custa caro, bem). A última coisa que vc quer é que te façam perder a concentração e te roubem a solidão "sem verdadeiramente te oferecerem companhia"

Mas esse tipo de coisa você não quer falar pra tal tipo de pessoa, ainda mais em voz alta, ne? Porque se não você é o arrogante, o nojento, o mal-educado e dá-lhe adjetivos pejorativos. Por que compartilhar um ponto de vista com pessoas que compartilham tudo, menos o seu memso ponto de vista?

Bom, fico feliz em informá-lo de que seus problemas acabaram porque agora existem os fones de ouvido (que vêm acompanhado de mp3, mp4, mp987, dentre outros derivados) e que além de te tornarem intocável, ainda oferece música à seu gosto, que pode ser compartuilhada ou não.

Eis então os fones de ouvido: separando você da vida medíocre ao seu redor!!

2 comentários:

Hudson Pereira disse...

Cara,não acredito.
Eu simplesmnete adoro ouvir histórias de desconhecidos. E pretas atenção na conversa dos outros é entretenimento gratuito!

Vanessa Martins disse...

Eita paradoxo ferrenho! Dividir sim, mas depende do quê e por quê. E viva os mp5,000 que nos impedem de ouvir quando, na nossa opinião, não é necessário. O único problema é achar um alguém depois para quando quisermos compartilhar. Bem, se este alguém não estiver com um mp10,000 considere-se sortudo!