sábado, abril 28, 2007

Ódio


Rua escura. Bar à frente. Bêbados figurantes. Taxi Driver. Abre as portas do veículo amarelo-ovo e dirige-se ao recinto degradável. Obesidade mórbida de cabelos escassos e branco-acinzentados a ingerir líquido amarelo-mijo portando um canudinho. Rosto conhecido. Nojo. Repulsa. Raiva. Ódio. Missão. Quem seria tal abominável ser que me desconcentrara em minha arte de chutar chapinhas pela escuridão da madrugada? Por que construo sentenças tão longas? Porque longa é a duração do meu rancor.

Mendigos nas ruas. Luzes apagadas. Jukebox alta. Homem grande de canudinho. Recipiente com borbulhas. Líquido gelado. Sangue quente. Bolso cheio. Cheiro de aço. Metal no bolso. Calçada do bar. Olhar do homem. Meu olhar. Revólver no bolso. Arma na mão. Não é um duelo. Barulho. Estrnodo. Copo quebrado no chão. Líquido amarelo sem borbulhas a escorrer pelo ralo. Canudinho sujo aos meus pés.

2 comentários:

Anônimo disse...

"Por que construo sentenças tão longas? Porque Longa é a duração do meu rancor.(...)"
uauuuuu....profundo!!!
hahahaahhaah..
gostei muito desse micro conto...!
huuummmm...."bolso volumoso"
meio sugestivo hein?
hahahahahahahahahhaha
bju

Hudson Pereira disse...

meu rancor atravessa minah vida como Nilo dividia o Egito,mas meu amor são as margens,a terra firme.